sexta-feira, 24 de abril de 2015

O Castelo do Porto e Guerra de Coimbra




Após o incidente em Leiria, Damien regressa a Aveiro, ainda não possuía uma casa então, ele e a irmã viviam em hospedarias, o suficiente para aguentar as noites gélidas do Inverno. A meio do mês de Outubro, Damien recebe uma carta de Juana, perguntando se estaria disposto a cometer algo ilegal com uma justificação, ocupar o Castelo do Porto que na altura se encontraria vazio pois os seus conselheiros tentaram atacar uma cidade que outrora pertenceu ao Condado, Lamego. Com os ferimentos, eles ficaram incapazes de governar e pelas atitudes face à povoação da cidade atacada, decidiram invadir o Castelo. Para Damien pouco lhe interessava ajudar o Condado, aquela situação apenas lhe permitiria ganhar reconhecimento, um bandido por uma boa causa, uma vez que nem tesouro existia no Castelo, apenas dívidas. E assim foi, dia vinte e sete de Outubro, Damien entra no exército Rubicão Pro-Porto comandado por Kalled e entra no Castelo. Pouco tempo depois foi decidido que iriam retomar o controlo do Condado e assim, Damien foi nomeado Juíz, sendo impossibilitado logo a seguir de poder exercer funções e renomeado Comissário do Comércio até umas novas eleições.

Damien regressa, depois, a Coimbra, já com duas cadeiras “roubadas” no seu currículo. Ele sabia que um processo se aproximava e que tinha apenas duas opções: fugir para fora do Reino ou ficar por lá e ser julgado. Na mesma época, Coimbra sofria várias ameaças de ataque vindo do Condado Lisboeta, o que acabou por acontecer mais tarde pelo exército de um ex-nobre que outrora assaltara o Castelo de Coimbra, Kokkas de Monforte. Damien vira ali uma oportunidade de reduzir a sua pena e ao mesmo tempo de espalhar o seu nome de forma a ganhar uma boa fama para futuros sucessos. Entrou no exército e lutou na Guarda alguns dias, matando assim um francês do exército opositor. Dias mais tarde, foi ferido gravemente em batalha quase perdendo a vida devido a um corte profundo nas costas. Assim como os restantes feridos e mortos, foi levado para Viseu, onde ficou umas semanas a recuperar com apenas umas toalhas e umas linhas cozidas que uniam a pele das suas costas, esperando que Jah não deixasse infecionar a ferida. Após muitas dores e tediosos dias deitado numa cama, Damien melhorou e conseguiu, finalmente, viajar.

Aos poucos e poucos foi recuperando e trabalhando nas minas e em campos, já a sua irmã aperfeiçoava a sua habilidade de escrita e tecelagem por Aveiro. Damien viajou para o Porto uns dias, aproveitou para conhecer a cidade que, sem saber, iria ter um papel importante na sua vida. Um ou dois dias depois de chegar na cidade e se instalar na hospedagem, dois guardas levaram-no para a prisão do Condado do Porto a mando da Juíza do Condado de Coimbra pelo assalto ao Castelo do Porto. Cumpriu a sua pena - três dias, numa pequena cela, sem direito a banho e com uma alimentação insuficiente. 


Damien a fugir do Condado do Porto em direção a Aveiro

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

As Viagens e as Descobertas




Após alguns dias em Aveiro, Damien conheceu algumas pessoas na taverna da cidade, uns visitantes da Guarda anunciavam pelas ruas que iriam realizar um Torneio de Justas, onde o vencedor seria recompensado. Isso despertou a atenção do Mondragón, seria bom um dinheiro fácil. Ele e a sua irmã partiram para Sul, tentando obter alguma carne e outros alimentos. 

Cidade após cidade, Damien foi viajando, Coimbra, Leiria, Santarém, Montemor, Elvas e mais tarde Viseu e Guarda. O seu discurso em Português era fraco, apenas sabia umas palavras e tentava entender umas frases que ia ouvindo. Mesmo assim, se queria fazer passar-se por Português necessitava de uma língua fluente e rica, o que não era fácil. 

De volta ao Condado de Coimbra, já na Guarda, recebe a notícia que o Torneio de Justas fora cancelado, um desperdício de 15 cruzados no seu ponto de vista. Preparava-se então para mais uma viagem, novamente em direção ao Sul à procura de mais alimentos e outros materiais. Em Leiria, enquanto caminhava pela cidade, encontra numa rua mais estreita uma pequena loja. Damien estava curioso e decidiu aproximar-se e entrar, não viu ninguém lá dentro, apenas lá estavam ervas, frascos e livros. Nenhum produto daquela loja lhe interessava mas talvez encontrasse algum dinheiro das vendas. O dia estava ventoso e calmo, ouvia-se o ruído do vento e nada mais… procurando por algo que seja útil, vê num sítio mais escondido uns livros e amuletos que pareciam ser de feitiçaria, as bruxas eram queimadas vivas mas continuavam a existir, o medo e a morte não era suficiente para que desaparecessem… entretanto, Damien ouve um barulho e vira-se, rapidamente cai no chão inconsciente…

Acorda preso com cordas numa cave e uma dor de cabeça. Não conseguia ver muito, a cave era escuro apenas com uns raios de luz de uma pequena janela. Tenta desamarrar-se do poste mas as cordas estavam apertadas demais, ia tentando enquanto não aparecia ninguém, não sabia quem é que o tinha prendido ou o porquê disso. Após algumas horas, entra uma pessoa, Damien não consegue ver a cara, apenas nota pelas vestes que é uma mulher. 

- Quem és? – Perguntou ela.
- Damien Mondrágon. ¿Y tú?
- Espanhol… Encontrei isto nos teus bolsos… - Diz mostrando uma cruz aristotélica. – Viste demais, não te posso deixar ir embora.
- Comprendo, pero ya no soy lo aristotélico que era. Sólo guardo la cruz como recuerdo. – Avisa.
- Não posso correr riscos, mas diz-me porque vieste há minha loja?
- Curiosidade apenas. – Mente para não piorar a situação.

Ouve-se uma voz jovem…

- ¿Hermano?
- Quem é? – Murmura baixo a mulher.
- Mi hermana. – Diz baixando a cabeça.
- Porque vieram para Portugal? – Questiona.
- Por necesidad, hemos huido. – Respondeu. 

A mulher fica com pena de ter de matar alguém e deixar assim uma menina sozinha no mundo como ela ficou quando era criança. Com a adaga desamarra Damien, ele vê finalmente o rosto dela… olhos verdes com cabelos negros que apesar de jovens mostravam já uma vida cheia de acontecimentos marcantes.

Os dois sobem e encontram Sarah a observar a pequena e poeirenta loja. Damien abraça a sua irmã e diz para ela esperar um pouco enquanto conversava com a morena, Sarah foi vendo as grandes variedades de ervas que havia por ali e ele foi com a mulher para uma pequena sala ao lado. Os dois contam as suas histórias e o tempo vai passando. Eduarda, a morena de olhos verdes, perguntou no fim para onde iriam eles, Damien respondeu:

- Por ahora quédamos en Aveiro… En el futuro no lo sé…
- Bem, se querem ficar por Portugal e parecem portugueses precisam de falar português… Eu posso ensinar-vos. – Disse, sorrindo. 

Damien pensou por segundos e aceitou, de facto, falarem espanhol só chamaria atenções indesejadas…
Os três começaram a passar mais tempo juntos, Eduarda ensinava-os a falar português e a escrever também, Damien tentava aproveitar as horas seguintes para treinar as suas habilidades de combate, apesar de estar em segurança no momento, não sabia o que poderia acontecer a seguir e queria estar preparado. Nesses momentos, Eduarda observava-o… Ela tinha acabado por aproximar-se dele e acabara por ser mais do que uma simples atração mas Damien não sabia. 

Certa noite, quando Sarah já dormia, os dois encontraram-se no sótão. Era uma das noites mais frias daquele Inverno, o vento fazia-se ouvir dentro das casas e as constantes chuvas arrastavam as folhas de um lado para o outro. 

- O telhado não vai aguentar muito tempo. – Disse Eduarda.
- Hm, parece que si. Talvez dos dias. Tentarei arreglar-lo mañana.
- Obrigado Damien, o teu Português já está a ficar muito bom. – Sorri.
- Com uma buena professora, es fácil.

Entretanto ouvem um ruído, como se um frasco caísse no chão e partisse. Damien desembainhou a sua espada e disse que iria verificar e para Eduarda ir ter com a sua irmã.
Damien espreita pela porta que liga a casa à pequena loja… eram guardas e pelos vistos já tinham encontrado as coisas suspeitas que havia. Rapidamente vai até ao quarto e diz às duas para se esconderem, começaram-se a ouvir os passos dos guardas reais cada vez mais perto. Cada guarda examinava cada divisão da casa à procura de pessoas e Damien sabia que eles iriam encontrá-las se não os atraísse para outro sítio. Assim que abre a porta, Damien salta da janela para o chão. O guarda avisa os restantes e partem todos atrás dele que os esperava na entrada. Assim que o primeiro saiu, a sua espada atravessou o peito de um. Apenas restavam mais dois. Damien afastou-se enquanto eles se aproximavam lentamente, naquele caso, o melhor ataque seria a defesa. Um dos guardas atacou-o com rapidez, deslizando a sua espada de cima para baixo, Damien esquiva-se e trespassa-o pela zona abaixo das costelas. O restante tentou aproveitar a situação mas o loiro conseguiu proteger-se com a espada. O pesado armamento dos guardas tornava-os muito lentos e ele aproveitava isso. Por breves segundos, as espadas emitiram ruídos e faíscas, o guarda lentamente se cansava e os seus ataques começavam a ser cada vez mais lentos, num deles, Damien desvia-se da investida e fere-o na perna. O guarda apoia-se com o joelho no chão e o espanhol, à semelhança de um carrasco, desliza a espada cortando-lhe a cabeça.

No final, Damien dirige-se até às duas e avisa-as que amanhã cedo irão sair de lá, para um sítio seguro, pois, mais guardas viriam. Pela madrugada Damien e Sarah foram tratar da compra dos alimentos para a viagem, já no mercado, compraram alguns pães quentes e milhos enquanto Eduarda tratava das suas coisas. 

Quase na rua estreita, Damien começa a ver um fumo negro erguer-se e começa a recear, avisa Sarah para esperar ali por ele que voltaria rápido. Na última curva, Damien vê que o fumo vem da casa de Eduarda e que na entrada estão guardas, rodeados de vários habitantes e uma estaca com o corpo de Eduarda a arder sobre uma fogueira. Vira costas e caminha como se ignorasse o que estava a ver, já não poderia fazer nada por Eduarda por muito que assim o quisesse. Agarra na mão de Sarah e leva-a para a saída da cidade em direção a Aveiro, a sua nova cidade, sem responder às curiosidades da irmã.

À direita a rua estreita com a loja/casa de Eduarda

domingo, 1 de junho de 2014

Um novo Lar



A viagem demorou algum tempo, as marés e ventos incertos dificultaram o trabalho do capitão em levar o barco até ao destino. No dia 22, um Sábado de Março de 1462 (20º aniversário) chegaram a Aveiro, uma cidade pequena, com um mercado pobre, não era comparável às cidades por onde Damien passara mas ele teria que se habituar, o dinheiro que tinha não iria durar para sempre e precisava de coisas a preços acessíveis.

Não sabiam se iriam ficar naquela cidade, então passaram os dias em hospedarias baratas e a conhecer as diferentes zonas, sempre escondidos e discretos. As pessoas eram pouco amigáveis e desconfiadas, os olhares de lados e murmúrios eram constantes, assim como as suas caras carrancudas, não parecia ser uma cidade segura para ambos, eram invasores num círculo fechado.

Aveiro